Opinião sobre o livro "Sem Barganhas Com Deus"

Opinião sobre o livro "Sem Barganhas Com Deus"

Após começar a acompanhar alguns vídeos do Caio Fábio, ex-pastor presbiteriano e fundador do movimento denominado Caminho da Graça, e ouvi-lo falar acerca do Evangelho da Graça de Deus, resolvi comprar alguns de seus livros e baixar outros na internet (o Caio Fábio disponibiliza gratuitamente o PDF de vários livros no seu site oficial caiofabio.net).

Embora eu discorde da maneira que o Caio Fábio trata alguns assuntos polêmicos, a mensagem que ele traz é exatamente o Evangelho da Graça de Deus. Como ele próprio diz, o que ele prega não são novidades, mas são as coisas antigas dos tempos apostólicos. No entanto, não quero estender essa minha publicação como uma explicação sobre o Evangelho da Graça de Deus.

Pois bem, entre os livros que adquiri está o “Sem Barganhas com Deus”, publicado pela editora Fonte Editorial no ano de 2005. A capa já demonstra que o livro vai tratar de assuntos acerca de trocas entre os seres humanos e a divindade, pois apresenta a famosa pintura de Michelangelo que é intitulada como “A Criação de Adão”. Entretanto, a pintura foi ligeiramente modificada para incluir uma nota de dinheiro, levando a interpretar a existência uma troca entre Deus e o ser humano.

O teor do livro é combater essas trocas, combater as barganhas realizadas pelo ser humano com o objetivo de conquistar o favor divino. Seria um ótimo livro para presentear aquela pessoa que está cheia de religiosidade e que usa orações, jejuns, dízimos, ofertas, consagração, santificação e tudo mais como meio de troca com Deus. Entretanto, Caio Fábio errou ao utilizar uma linguagem de difícil compreensão neste livro.

Sem Barganhas com Deus começa mal, visivelmente Caio Fábio está enchendo linguiça nas primeiras páginas e ele não esconde essa intenção no próprio texto. Uma leitura que deveria ser prazerosa já inicia enfadonha. Mas calma, a coisa melhora perto da metade do livro, mas isso não significa que a linguagem torna-se facilmente compreensível a partir daí. Parece que o autor possuía uma meta de páginas, ou quer demonstrar ser capaz de escrever nada em muitas palavras. Caio Fábio poderia muito bem trabalhar como gerador de lero-lero.

Continuei lendo, arrastado pelo texto que Caio Fábio utiliza, um jogo de palavras que ora fazem compreender uma mensagem nas entrelinhas, ora estão ali só para cumprir tabela e talvez fazer o leitor acreditar que Caio Fábio é um ser mais elevado, e que por isso escreve dessa forma. Além de tudo, o texto está cheio de notas e o leitor precisa estar com um dedo na página que explica as notas, que algumas vezes tem um a referência bíblica e outras vezes tem uma complementação.

Em alguns momentos, Sem Barganhas com Deus parece uma propaganda para outros livros de Caio Fábio, pois várias vezes é mencionado que “sobre esse assunto tratei no livro tal”, ou ainda propaganda para possíveis trabalhos futuros (se é que existem, eu não me aprofundei nisso) pois diz “falarei desse assunto em outro livro que pretendo escrever”.

No livro, o autor tece críticas contra a adoção da hermenêutica pelas igrejas, pois é uma herança grega (e realmente é!), mas se o propósito seria não utilizar os métodos hermenêuticos adotados pelos evangélicos, herança dos filósofos gregos, Caio Fábiofalhou e feio. São tantos jogos de palavras e o uso de frases e expressões de difícil compreensão que mais parece que Caio Fábio quer repassar a imagem de um filósofo intelectual, ou mesmo de um guru super-religioso que entende muito mais do que qualquer outro acerca do assunto do livro.

Portanto, Sem Barganhas Com Deus não é um livro que eu jamais recomendaria para uma pessoa comum, a menos que essa pessoa tenha conhecimento prévio do assunto tratado no livro (o meu caso) e/ou goste de filosofia. Na minha opinião, Caio Fábiodeveria reescrever o livro em um formato mais compreensível para todos, dada a grande importância do seu conteúdo e que poucos autores foram capazes de mexer nessa ferida. De que adianta um livro com uma grande riqueza de conteúdo se ele não pode ser realmente aproveitado pelo público que mais precisa dele (as pessoas mais simples)?